Esperar

Está confirmado! Eles gostam de esperar! Mas dizem que não têm tempo. Não percebo nada destas ondas mas a verdade é que já há muito tempo esperava por disponibilidade para divagar sobre este facto que me faz comichões na alma desde que aqui cheguei. Onde há um japonês há sempre mais dois ou três. Em qualquer lado que se vá, em qualquer porta que se queira atravesar, em qualquer balcão que se queira chegar perto, em qualquer poster que se queira observar lá está um molhe deles atranvancados. Mas podem estar neste momento a pensar que é um facto normal principalmente para uma cidade onde há praticamente o dobro de população que em Portugal inteiro, mas não é a esse tipo de concentração de massa humana a que me refiro...passo a explicar. Imaginem que estão a sair da estação de comboio ou metro e portanto têm de passar nos portões automáticos com o cartãozinho maravilha. Sendo este serviço de transportes público o mais usado na cidade há sempre uma catrefada de portões maravilha...pois os japoneses têm como que uma agulha magnética dentro deles que os faz sempre caminhar para o portão onde já está uma pessoa e não o outro ao lado que está absolutamente solitário, e sendo este um efeito em cadeia podem imaginar o resultado. No início ficava intrigada e ia sempre para a fila pois pensava que não se podia passar naqueles outros portões, mas agora......sou a rainha dos portões automáticos. Agora imaginem que vão dentro do comboio...todos sabem como os comboios estão sempre cheios de gente...aquela massa humana toda concentrada....uma cena de horror diário. Nós tentamos sempre ir nas que têm menos gente, mas na maioria dos casos damos por nós a olhar boquiabertos a porta seguinte a 5 metros de nós (à vontadinha) completamente apinhada de gente encavalitados uns nos outros, quando mesmo ali ao ladinho há montes de espaço. Os moços estes não gostam de estar sozinhitos!

Agora aquele que é para mim o mais intrigante dos factos. Seja dia ou de noite, faça chuva neve ou sol, eles esperam aquilo que for preciso, e pior, sem reclamar nem resmungar, para...........comprar Doughnuts.

Aqui estava com 1 h e meia de espera (o que eu já acho absurdo) mas em conversa com uma colega do laboratório e a comentar a minha surpresa com este costume toquiano ela olha para mim muito preocupada e diz "devia ter ido lá nesse dia! da última vez que fui esperei quase 4 horas!!" mas com um assutador ar de "foi uma chatice mas o que tem de ser é". Brutal! Cada vez mais me convenço que estou a viver em pleno paraíso para quem faz estudos sociais e comportamentais!